domingo, 31 de agosto de 2008

injeção

Quando a Sportster fez 50 anos, a HD, na revista Enthusiast edição Fall 2006, fez uma matéria sobre as modificações para os modelos 2007 e a principal era a adoção da injeção eletrônica. Num quadro dentro da matéria, a fim de dar enfase nessa alteração, o autor da matéria faz uma pergunta ao carburador e à injeção: " o que você pode fazer por mim?"


O carburador responde: "bem, eu posso suprir o motor com gasolina no mesmo tempo que ele precisar, em uma quantidade bem próxima do que ele vai precisar, dentro da maior parte das circunstâncias possíveis."


Já a injeção responde: " eu posso suprir o motor com gasolina no momento preciso que ele precise, com a quantidade exata e em todas as circunstâncias possíveis."


Esse "dialogo" mostra bem as vantagens da injeção em relação ao carburador embora a motivação das montadoras em utilizar a tecnologia da injeção eletrônica seja motivada não por isso, mas sim para poder atender programas de contenção de emissão de gases sem sacrificar os motores. Afinal é mais fácil desenvolver uma alternativa de alimentação do que um motor inteiro.

Com a adoção da injeção deixa de ser um transtorno fazer qualquer regulagem no sistema de alimentação de um motor. A grosso modo bastará um computador e uma interface de comunicação para ajustar o sistema de alimentação.

Em condições normais, os mapas utilizados pela injeção eletrônica atendem perfeitamente o projeto do motor, devendo ser atualizados ou "ressetados" conforme modificações de projeto.

A esse procedimento, que qualquer um pode fazer com um mínimo de experiência, dá-se o nome de remapear a injeção.

As motos injetadas vem presas a um mapa pré-determinado pelo fabricante. No nosso caso, o mapa usado pela HD amarra a moto para atender normas do Proconve e fazer funcionar as motos com a nossa gasolina alcoolizada.

A única forma de modificar isso é remapeando a injeção eletrônica. Esse remapeamento é uma troca de parametros e quem explica muito bem isso é o colunista da Moto on Line - Paulo Couto (www.motonline.com.br/colunistas/paulo-couto). A forma de fazer isso é o X do problema.

A Harley Davidson possui um tuner, interface para reprogramar a injeção, que fica associado à moto pela gravação do VIN na primeira vez que é usado. Esse dado não pode ser modificado, o que na prática acarreta o casamento do tuner com a moto. Desconfie de kits Screaming Eagle que andam a venda pela internet. Se ele tiver sido usado não existe modo de fazer ele funcionar em moto diferente (pelo menos até agora, vai que alguém decide hackear essa interface...).

Não existe outra maneira de acessar a central de injeção, e todos os demais sistemas vendidos atuam somente na regularização do fluxo de combustível em situações previamente configuradas transformando sua injeção em um carburador para efeitos práticos.

No caso do kit proprietário da HD, já existe uma série de mapas com parametros determinados pela divisão Screaming Eagle que facilitam muito o remapeamento da injeção.

Eu escolhi o kit da Harley Davidson. O EFI Race Tuner kit (part number 32107-01G) foi comprado, instalado, que na realidade é mera associação do Kit com o VIN da moto, e feito o remapeamento na loja da HD do Rio de Janeiro. Com a queda do dolar, os valores baixaram muito: quando comprei minha Fat Boy esse kit custava algo perto de R$ 3.000,00 e agora em Março de 2008 o "prejuízo" ficou em R$ 1560,00 (praticamente a metade).

Fiz minha escolha por procurar sempre manter a moto o mais original possível (existem milhares de acessórios que cabem nas HD´s e não são fabricados pela HD) e pelo fato de ter colocado ponteira e filtro de ar Screaming Eagle e dessa forma completei o kit de performance recomendado para a moto.

Quando coloquei as ponteiras e o filtro de ar já tive uma diferença muito grande no desempenho da moto, que passou a rodar mais solta mesmo sem ter feito a primeira revisão (na época a moto estava com 200 km rodados e a primeira revisão só se daria com 800 km). Com o remapeamento senti que passei a ter uma motocicleta mais forte, com o torque aparecendo em rotações mais baixas, mas com um pequeno sacrifício da velocidade final. Ainda tive um bônus, a moto passou a esquentar menos e dissipar o calor mais rapidamente quando em movimento. Com o mapa correto para ponteira, filtro e gasolina, a câmara de combustão passou a esquentar menos e com isso todo o motor passou a trabalhar mais frio. No engarrafamento ainda se sente muito calor sendo dissipado, mas na passagem pelo corredor o calor não incomoda mais.

Acho que ainda posso melhorar mais a injeção, pois a moto está tendo pequenas falhas quando trafega em giro baixo e estou esperando fazer mais alguns quilometros para regular novamente a injeção. Aliás já me disseram que isso acontece muito, pois a qualidade da nossa gasolina varia muito e somente depois de alguns quilometros é que se pode fazer uma avaliação melhor pelo estado das velas, podendo também ser uma falha no sistema de alimentação que funciona sob pressão (por exemplo: furo em uma mangueira, que acabou sendo a causa da falha nos giros baixos).

Vamos aguardar.... de toda a forma a moto melhorou bastante e já passa uma impressão de mais força no uso estradeiro e na comparação com os motores 96 ficou igual ou melhor.
Como toda HD é um lego, minha próxima brincadeira vai ser o estágio dois que transforma o motor 88 em 95 que, de acordo com o Paulo Couto, consegue render melhor do que os motores 96 que equipam as softail desde 2007.

2 comentários:

Unknown disse...

Td bom Wolfmann?!
Comprei recentemente uma Iron 883 - 2014, e quero trocar o escape original... primeiramente pensei em um Big Radius 2x1 artesanal feito pela JM Escapes, porem comecei a ler sobre falhas, remapeio, troca de filtro e td mais... Como essa é minha primeira moto e gostaria de saber através de pessoas mais experientes!
Se trocar o escape todo oq devo fazer, e caso prefira só as ponteiras como devo fazer tbm..

Obrigado!

wolfmann disse...

Eu rodei com ponteiras Screaming Eagle e filtro de ar Screaming Eagle durante um ano sem maiores problemas além do decel pop (os estouros quando alivia o acelerador), portanto nada te impede de trocar o escape completo ou apenas ponteiras do ponto de vista de performance e manutenção.

Eu acredito que mais tarde você vai querer ajustar a sua mistura, e nessa hora são vários dispositivos no mercado.

Minha sugestão é trocar o escape e fazer o remapeamento apenas em caso de sentir necessidade, que acredito não vá sentir.

Rode bastante antes de decidir entrar nesse "mundo de preparação de motores".

Abraço