sábado, 22 de agosto de 2009

Perda da inocência

Hoje o HOG RJ sai para Penedo conforme programação divulgada no BlHog (www.blhog.blogger.com.br) e confirmada através do twitter (www.twitter.com/hogrio) e e-mail enviado pelo Rodolfo, diretor do HOG RJ. É o primeiro passeio após o acidente da Silvana, já que o HOG RJ, muito elegantemente, cancelou o passeio do sábado 15/8.

Alguns colegas ainda se sentem traumatizados com o acidente e conversaram comigo, dizendo que ainda não estão à vontade em suas motocicletas e estão repensando o uso das mesmas na estrada.

É a perda da inocência, da noção de que somos indestrutíveis e que nos transformamos em super heróis ao ligarmos as motocicletas e sairmos em grupo.

Infelizmente o nosso hobby tem uma característica perigosa: motocicleta na estrada é um veículo que tem pouca importância para os motoristas de quatro ou mais rodas e o coeficiente de inveja latente que existe nos motoristas que nos vêem passando satisfeitos com as motocicletas ao lado deles pode ou não atiçar um comportamento, voluntário ou não, de má vontade no momento de uma ultrapassagem ou de ceder passagem em uma situação complicada. Disso resultou o acidente inútil que a Silvana sofreu e vem lutando para se recuperar.

Motocicleta é tão perigoso quanto qualquer outro veículo, desde que sejam seguidas as regras de condução em grupo, de controle do veículo, e que se mantenha a manutenção em ordem, como qualquer outro veículo.

Fatalidades, como a que aconteceu com a Silvana, acontecem até mesmo deitado na cama... ou será que todos as luminárias de teto estão firmemente aparafusadas no teto, ou até mesmo um engasgo com um grão de biscoito não pode ocorrer até mesmo deitado na cama?

É um absurdo fazer essas comparações? Não acho. A Silvana sempre foi uma motociclista consciente, conhecedora da motocicleta dela e dos limites que ela tinha na condução da sua motocicleta. Estava equipada com capacete, casaco, luvas, botas e calças apropriadas. Não foi a conduta dela que causou o acidente, mas sim a imprudência do motorista do caminhão que a jogou na mureta quando ela vinha sinalizando que iria sair da via e ele não teve a consciência de usar os freios para não perder o embalo do caminhão para uma subida próxima ao local do acidente. A tudo que não damos causa, chamo de fatalidade.

Não estou aqui para dizer o que cada consciência irá fazer, posso dizer que também estou traumatizado, mas já voltei sozinho ao local do acidente com a minha moto para espantar os fantasmas. Não serei eu a dizer a ela o que fazer a partir da recuperação completa do acidente, ela mesmo vai tirar as conclusões dela e eu vou respeitá-las como sempre fiz.

Mas posso afirmar uma coisa para todos que me acompanham: existem regras para viajar em grupo. Se você não as conhece procure conhecer.

Essas regras não surgiram da mente enlouquecida de alguém. Surgiram da experiência de grupos que viajam e repassam essa experiência. Existem cursos que repassam essa experiência.

Como ecos do acidente e dessa perda de inocência estou vendo a valorização do briefing, prática que muitas vezes relegamos ao esquecimento por achar que todos conhecem a estrada e o modo de se comportar na estrada. Prática que os integrantes do trem normalmente dão pouca importância porque acham que não existe ninguém que possa ensinar algo a eles. Prática que novatos não dão importância porque acham que o trem e a existência de alguém experiente os guiando e cuidando para que ninguém fique para trás é suficiente.

Regras de comportamento, conhecer sua motocicleta e seu comportamento em situações difíceis ou não e andar equipado é fundamental para a sua segurança e a dos companheiros de viagem.

Nunca se esqueça que viajar em grupo é uma opção pessoal e implica em abrir mão da individualidade em favor do grupo e se você não pretende fazer isso, se informe do destino e das paradas e faça seu próprio ritmo de viagem.

Os trens do HOG são grandes e ficam cada vez maiores. Se você não acha isso aconselhável, não vá no trem, mas não se esqueça que aqueles novatos contam com a ajuda dos veteranos para melhorar a sua pilotagem.

O Road Captain e o Cerra-fila não podem fazer tudo e você é o responsável pelo companheiro que vem atrás. Não fique inibido no momento de chamar a atenção de alguém que vem se comportando de forma a colocar o trem em risco, é sua obrigação. Lógico será que esse colega vai fazer pouco da sua preocupação, mas como dizia meu avô: as pessoas aprendem com os próprios erros, somente os sábios aprendem com o erro dos outros.

O trauma do acidente da Silvana será superado aos poucos por aqueles que vivenciaram tudo, já foi superado por aqueles que não tiveram conhecimento ou não privaram do convívio com ela.

As manifestações de alguns amigos através de mensagens no Blhog e e-mail foram recebidas de diversas formas pelas pessoas, mas eu tenho certeza que essas manifestações tem somente um objetivo: aprimorar a segurança dos integrantes dos passeios.

Boas estradas.

Um comentário:

Clédia disse...

Como motorista (de carros somente), deixo aqui meu apoio. Não ando de moto, na verdade tenho muito medo (até mesmo de ficar como carona). Mas uma coisa é inegável, sou admiradora profunda dessas máquinas que vocês pilotam!! E tenho mais admiração ainda pelas pessoas que, diferente de mim, superam os medos e obstáculos e nos dão o impagável espetáculo de ver seus "trens" passando pela estrada ou até mesmo suas motos estacionadas pelas ruas... Digo para vocês: É muito bonito!!!

Acidentes, fatalidades,infelizmente acontencem a toda hora mas não podemos nos acostumar, não podemos achar normal, e com isso deixar de fazer coisas que julgamos essenciais, ou seja, são da essência de cada um de nós. Desta forma corremos o risco de não andar mais pelas ruas ou até mesmos abrir as janelas de casa...

Grande abraço para todos e rogo para que vocês continuem a dar seus impagáveis espetáculos...

Clédia