domingo, 8 de dezembro de 2013

o custo da tecnologia

A HDMC se moderniza com o Rushmore Project e a nova família Street chamando atenção para a necessidade de modernizar seus projetos em busca de novos consumidores, tentando manter o marketing do mito HD em projetos menos tradicionais.

Essa estratégia é necessária para manter a competitividade da fábrica no mercado de motocicletas, mas traz alguns debates interessantes entre os proprietários.

Sem entrar na discussão entre radicais que são contra e a favor da evolução dos projetos, é importante entender tecnologias consagradas pela BMW, como ABS integral, ESA (ajuste de suspensões) e controle de tração (ASC), que auxiliam e aumentam a segurança na pilotagem de motocicletas para avaliar uma troca de moto, independente de marca.

A melhora de capacidade de frear é uma tecnologia que considero um atrativo importante: travamento de roda é uma causa importante de tombos. O ABS que está incorporado nas HDs desde 2008 nas Tourings é um sistema mais simples e já traz melhora importante na hora de frenagens de emergência, mesmo assim pode e deve ser melhorado para alcançar os melhores projetos em uso atualmente.

O novo sistema conjugado que o Rushmore Project traz para as Tourings é um aprimoramento importante, deixando a cargo da análise de sensores sobre a necessidade maior ou menor participação de freios dianteiro e traseiro, auxiliando muito a pilotagem e aumentando ainda mais a segurança nas frenagens de emergência, já que diminui a desvantagem de um piloto menos experiente em relação a um piloto mais experiente nas manobras de emergência.

Na comparação com as BMW, acredito que a HDMC esteja preparando o caminho para um controle de tração para trazer mais segurança nas curvas.

Se a HDMC busca as soluções consagradas pelas fábricas que estão associadas à tecnologia embarcada, como a BMW, qual a vantagem em comprar uma moto que estará passando pela modernização ao invés de comprar uma moto que já tem experiência nessa tecnologia? Racionalmente, não há vantagem e nisso a HDMC aposta no marketing do mito HD para fazer a diferença.

A necessidade de atender o cliente mais exigente, que estava migrando para outras marcas em virtude do projeto antigo, e conquistar novos clientes que não tem tanta ligação com o mito HD, mas sim busca um veículo moderno e seguro, é o desafio que a HDMC tem pela frente. Se vai alcançar o objetivo é outra discussão.

Um ponto muito interessante nos debates é como essa nova tecnologia vai afetar o proprietário mais tradicional, que compra a marca pela simplicidade de projeto e gosta de cuidar da sua HD. Mais tecnologia implica em ferramental mais especializado, uso de software proprietário da marca e interfaces para se comunicar com ECU, que provavelmente contará com ECU auxiliares.

Ou seja, aumentando a tecnologia embarcada, esse proprietário vai passar a depender mais  do dealer ou investir em ferramentas que você vai ter de aprender a usar. Quantos tem intere$$e para fazer isso? Pouca gente, principalmente quem fará uso apenas por hobby.

Isso traz outro ponto para a discussão: posso pilotar sem toda essa tecnologia? Sim, você pode. Basta você aprimorar seu nível de pilotagem e isso é algo que você deve fazer mesmo se tiver todo o apoio tecnológico que as fábricas vem desenvolvendo.

Conclusão? A tecnologia embarcada pode ser um atrativo para muitos, mas terá seu custo. Embora a grande maioria das causas de panes no sistema eletrônico tenha sua causa no sistema elétrico da moto, o proprietário vai depender cada vez mais de um mecânico acostumado a trocar peças sem pensar e com isso um fusível queimado pode ser culpado pela troca de uma ECU auxiliar de controle de tração (fato que já li sendo relatado em fóruns de proprietários de BMW).

Além disso, se realmente um curto vier a causar a queima de uma ECU auxiliar ou da própria ECU principal, o custo da troca e o tempo para tirar a moto da oficina pode ser bem doloroso no bolso e para evitar esse prejuízo, a maioria vai acabar optando pela troca de moto ainda dentro da garantia (coisa bem normal entre proprietários das marcas tecnológicas): é a época da obsolescência programada.

No outro lado da balança, você ganha um sistema bem mais seguro e confiável, já que uma pane eletrônica é algo muito raro. Mas você vai precisar se precaver estudando e entendendo o novo sistema para não depender exclusivamente de "trocadores de peças". Sem comentar na dificuldade inerente para buscar um mal contato e nas queimas de estatores e reguladores de tensão que normalmente vem subdimensionados para a demanda do sistema eletrônico. E isso pode ser uma fonte para um problema chato de ser resolvido como foi meu problema com a injeção da Fat.

Nessa balança, eu me inclino pelo lado da tecnologia: acho importante o aumento da segurança e a facilidade em pilotar as motocicletas mais avançadas: vale a pena a aposta nas motos mais novas e o tempo a ser perdido entendendo as modificações.

Agora se será uma Harley, é outra conversa....

2 comentários:

Anônimo disse...

Ja dizia Einstein

" Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapassar a interatividade humana. teremos uma geração de idiotas".

Isto sobre um certo aspecto se reflete nestas mudanças, quem não estiver preparado é melhor pular fora, antes que o trem alcance a velocidade de cruzeiro..... Porque vai ser difícil lidar com isso......

Estou ficando " antigo "

abcs
alex63

Pedrão disse...

In Past We Trust.